March 18, 2015

NAKED - AS NATURE INTENDED (George Harrison Marks, 1961)


Vendo hoje este NAKED – AS NATURE INTENDED (1961), numa época assoberbada pela gratuidade de cenas de sexo como as que se podem ver em séries como GAME OF THRONES ou SPARTACUS, e as generosas doses de nudez feminina (e masculina) que caracterizam a maior parte das comédias para adolescentes, custa a acreditar que este inocente exercício de George Harrison Marks possa ocupar um lugar cimeiro entre os filmes que desbravaram o caminho para estes trabalhos mais recentes.

No entanto, numa época que deliraria com o primeiro nu frontal feminino no justamente célebre e popular BLOW UP (1966) de Michellangelo Antonioni, e que apresentava um claro défice entre a crescente liberdade de costumes e a sua representação nos ecrãs, a mera possibilidade de contemplação de uns sólidos seios femininos sem qualquer obstáculo era suficiente para gerar filas de cavalheiros de gabardina diante das bilheteiras dos cinemas do West End londrino. Ciente de tal facto, Marks, uma daquelas figuras que a vida não consegue conter, reconhecido fotógrafo de moda e renomado senhor dos nudies de 8mm (que produziu às centenas ao longo de uma década) apostou em produzir e realizar, quase sem argumento, aquele que ele próprio descreveu como o mais nu de todos os filmes (“the nudest film of all”), proposta que certamente não assentaria bem no gabinete de John Trevelyan, director do famigerado BBFC.
 
A solução, explorando a jurisprudência vigente no gabinete da censura, e seguindo o procedimento habitual em filmes desse tipo, era integrar a nudez num documentário sobre nudismo, propalado como o mais saudável e natural estilo de vida. Daí que o filme se apresente como um inocente documentário de viagens que acompanha cinco atractivas moçoilas (todas elas modelos do próprio Marks) pela Cornualha, rumo ao famoso campo nudista de Spielplatz, onde por fim se despem alegremente para gáudio da brigada da gabardina. A principal atracção do filme, à época, era sem dúvida a escultural Pamela Green (ao centro na imagem supra), que foi a mais popular modelo feminina britânica do pós-guerra. Para as audiências de hoje, que explorem o filme – tão inocente – nos seus leitores de DVD, ao inegável atractivo das actrizes principais (sobretudo Petrina Forsyth e Jackie Salt, que acompanham Green no seu périplo) soma-se a possibilidade de visitar vários ex-libris britânicos como Stonehenge, Clovelly, Tintagel e o anfiteatro Minack de Porthcurno, tal como se mantinham no dealbar da era do turismo de massas.

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